sexta-feira, 30 de abril de 2010

Lula é eleito o líder mais influente do mundo pela revista Time

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito nesta quinta-feira (29) pela edição norte-americana da revista "Time” como o líder mais influente do mundo. Segundo empresas especializadas em comunicação, a Time é hoje a revista semanal de maior circulação do planeta.

Lula encabeça o ranking de 25 nomes e é seguido por J.T Wang, presidente da empresa de computadores pessoais Acer, o almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, o presidente americano Barack Obama e Ron Bloom, assessor sênior do secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

No perfil escrito pelo cineasta Michael Moore, o programa Fome Zero ( substituído pelo Bolsa Família) é citado como destaque no governo do PT como uma das conquistas para levar o Brasil ao “primeiro mundo”. A história de vida de Lula também é ressaltada por Moore, que chama o presidente brasileiro de “verdadeiro filho da classe trabalhadora da América Latina”.

A revista lembra quando Lula, aos 25 anos, perdeu sua primeira esposa, Maria, grávida de oito meses, pelo fato dos dois não terem acesso a um plano de saúde decente. Ironizando, Moore dá um recado aos bilionários do mundo: “deixem os povos terem bons cuidados de saúde e eles causarão muito menos problemas para vocês”.

A lista da "Times" é dividida em quatro categorias: líderes, heróis, artistas e pensadores. Lula lidera o ranking dos 25 líderes mais influentes do mundo.

Veja abaixo a lista dos 25 líderes mais influentes de 2010, segundo a "Time":

1. Luiz Inácio Lula da Silva
2. J.T. Wang
3. Mike Mullen
4. Barack Obama
5. Ron Bloom
6. Yukio Hatoyama
7. Dominique Strauss-Kahn
8. Nancy Pelosi
9. Sarah Palin
10. Salam Fayyad
11. Jon Kyl
12. Glenn Beck
13. Annise Parker
14. Tidjane Thiam
15. Jenny Beth Martin
16. Christine Lagarde
17. Tayyip Erdogan
18. Stanley McChrystal
19. Manmohan Singh
20. Bo Xilai
21. Mark Carney
22. Carol Keehan
23. Khalifa bin Zayed al-Nahyan
24. Robin Li
25. Scott Brown

Leia abaixo a tradução do perfil escrito por Michael Moore sobre Lula:

Quando os brasileiros elegeram pela primeira vez Luiz Inácio Lula da Silva Presidente, em 2002, os barões larápios do país checaram nervosamente os indicadores de combustível dos seus jatinhos. Eles tinham transformado o Brasil num dos lugares mais desiguais da Terra, e parecia que havia chegado a hora da retaliação. Lula, 64 anos, era um filho genuíno da classe operária da América Latina- de fato, um membro fundador do Partido dos Trabalhadores-, que já tinha sido preso por liderar uma greve.

Ao tempo em que Lula finalmente conquistou a Presidência, depois de três tentativas fracassadas, ele já era uma figura conhecida na vida nacional brasileira. Mas o que o havia levado à vida política? Teria sido o seu conhecimento pessoal do quão duro muitos brasileiros precisam trabalhar só para conseguir sobreviver? Ter sido forçado a abandonar a escola na quinta série para ajudar no sustento da família? Ter trabalhado na infância como engraxate? Ter perdido parte de um dedo num acidente de trabalho?

Não, foi quando, na idade de 25 anos, ele viu sua mulher, Maria, morrer aos oito meses de gravidez, junto com seu bebê, porque eles não podiam pagar um tratamento médico decente.
Há aí uma lição para bilionários do mundo: permitam que as pessoas tenham acesso a um bom tratamento de saúde e elas não causarão muitos problemas no futuro.

E aqui vai uma lição para o resto de nós: a grande ironia da presidência de Lula- ele foi eleito para um segundo mandato em 2006 e ainda vai completá-lo este ano-é que, ao mesmo tempo em que ele conduz o Brasil rumo ao Primeiro Mundo com programas como o Fome Zero, destinado a eliminar a inanição, e projetos para melhorar a educação dos membros da classe trabalhadora do Brasil, os EUA parecem mais, a cada dia que passa, com o antigo Terceiro Mundo.

O que Lula quer para o Brasil é aquilo que costumávamos chamar de “O Sonho Americano”. Em contraste, nós, nos EUA, onde o 1% mais rico da população tem agora mais riqueza financeira que os 95% mais pobres, estamos vivendo numa sociedade que está rapidamente se tornando parecida com o Brasil.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Superior Tribunal de Justiça dá ganho de causa a lésbicas que criavam duas crianças

"Terça-feira, 27 de Abril


Em decisão inédita, Superior Tribunal de Justiça dá ganho de causa a lésbicas que criavam duas crianças, porém, o caso ainda não era completamente legal; este caso vai influenciar futuros julgamentos. É a primeira vez no Brasil que um tribunal superior reconhece esse direito.

A Turma analisou ontem o pedido de duas mulheres de Bagé (RS), juntas desde 1998.

Ontem, elas comemoraram a confirmação do STJ. "O fato deles agora terem duas mães, de fato, é especial. Isso nos fortalece", disse Luciana, em entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo. "Vai ficar mais fácil para os outros casais protegerem seus filhos de forma conjunta, não só com um representante do casal, mas com as duas, ou os dois", disse Lídia."


Belíssima vitória dos movimentos LGBTTs que lutaram com destreza e afinco, pela igualdade de direitos, a liberdade de orientação sexual, e a implementação de políticas públicas afirmativas para homoafetivos e homoafetivas.

OS POLICIAIS QUE AGEM NA TOUCA

RENATO SANTANA
DA REDAÇÃO


O comando da Polícia Militar (PM) pode negar, o seccional da Polícia Civil afirmar ser preconceito e o Poder Judiciário e o Ministério Público não ter provas para chegar aos criminosos. O fato é que os grupos de extermínio, denominados assim pela Ouvidoria da Polícia e Defensoria Pública, responsáveis por parte dos homicídios dos Crimes de Maio, atuam e são compostos por policiais.


A entrevista com os dois ex-policiais foi negociada durante duas semanas e realizada de maneira separada. Eles explicam como esses grupos funcionam, de que forma se organizam, o planejamento das ações, o que o comando da PM sabe e a verdade dos casos de resistência seguida de morte. As revelações desmascaram os bastidores de uma guerra travada na escuridão. Os policiais terão suas identidades preservadas por nomes fictícios.

Vejam a entrevista em: www.atribuna.com.br

Joaquim Palhares, da Carta Maior, conta sua história e analisa as comunicações na Entrevista da Escola de Governo

Victor Zacharias


O editor e fundador do portal Carta Maior, Joaquim Palhares, esteve ontem na atividade chamada "Entrevista", que é dedicada aos estudantes do curso de Formação de Governantes da Escola de Governo. Ele relatou sua experiência como um dos representantes dos empresários na l Confecom - Conferência Nacional de Comunicação, analisou um pouco do comportamento da mídia, avaliou a sua importância e qual seria o instrumento para acelerar as transformações necessárias no setor de comunicação.
Um pouco da sua história.
Joaquim Palhares nasceu em Porto Alegre e começou a cursar História e Economia. Pelo seu envolvimento

Leia mais no blog: http://cartaolaranja.blogspot.com

terça-feira, 27 de abril de 2010

"A mídia e as eleições 2010"


"A mídia e as eleições 2010", a ser realizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

"A grande mídia brasileira tem exercido um brutal poder ideológico, manipulando informações e atuando politicamente para organizar e liderar o discurso conservador no país, assumindo o papel de 'partido do capital', como dizia Gramsci.

Controlada por meia dúzia de famílias, ela esbanja poder, mas já apresenta sinais de fragilidade. Ganhou fôlego a luta pela democratização da comunicação - que tem questionado a concentração e a falta de regulamentação do setor - no último período.

Ansiosos, a mídia e a oposição conservadora reforçam seus laços e iniciam uma verdadeira operação de guerra para impedir a continuidade dos setores progressistas no comando político do país. a baixaria na cobertura das eleições presidenciais já toma conta da pauta. O tratamento dispensado aos candidatos é manipulado de acordo com os interesses políticos dos veículos e sob o manto de uma falsa isenção jornalística.

Para aprofundar a análise desse cenário e avançar em propostas para uma plataforma democrática na área de comunicação a ser apresentada aos candidatos, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé realiza o seminário 'Mídia e Eleições', que contará com a presença de jornalistas, ativistas do movimento social e professores universitários.

O evento marca o lançamento do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, que - em parceria com muitas outras entidades - vai contribuir com a luta pela democratização dos meios de comunicação e para o fortalecimento da mídia alternativa."

Dúvidas fico à disposição.

Att,
Danielle Penha
Centro de Estudos da Mídia
Alternativa "Barão de Itararé"
11 3054-1829
britarare@gmail.com

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Conjuve 2010: Estamos prontos


Por Danilo Moreira *
Começamos um novo mandato do Conjuve com muita disposição e reconhecimento ao nosso trabalho. Reconhecimento simbolizado no encontro com o Presidente Lula, e disposição demonstrada no plano de trabalho aprovado em Reunião Extraordinária, realizada em 08 e 09 de abril, quando definimos as prioridades para 2010 e discutimos as ações previstas para juventude no PAC 2, com investimentos de R$ 5,7 bilhões em equipamentos públicos de cultura, esporte, lazer e inclusão digital, com representante da Casa Civil.


O novo colegiado, empossado em março, encerrará seu mandato em 2012. Este fato confere ao Conselho um importante papel na transição da política de juventude para um novo governo, além disso, seu plano de ação foi embasado nas prioridades aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude e no planejamento das comissões.

Nossos objetivos para este ano, que tem como particularidade a realização de eleições presidenciais, visam garantir continuidade e avanços na Política Nacional de Juventude. Queremos que esta política se consolide como uma política de Estado e com forte caráter participativo. Assim, a tramitação e aprovação dos marcos legais da juventude (PEC, Plano e Estatuto), a convocação da 2ª Conferência Nacional de Juventude para o primeiro semestre de 2011, o fortalecimento da rede de conselhos municipais e estaduais e a reedição do Pacto pela Juventude, nessas eleições, estão na ordem do dia.

Além disso, o Conjuve produzirá um relatório com o balanço das iniciativas do Governo Federal no campo da juventude, no período de 2003 a 2010. Este diagnóstico será a nossa contribuição ao novo governo empossado logo nos primeiros dias de 2011.

Internamente, o Conjuve se organizará em quatro comissões: Políticas e Programas, Articulação e Diálogo, Parlamento e Comunicação. Aprovamos também a necessidade de realização do 3º Encontro Nacional de Conselhos de Juventude para dezembro.


Além das comissões, foram estabelecidos cinco grupos de trabalho temáticos: Juventude Negra; Juventude e Meio Ambiente; Pacto pela Juventude; Relações Internacionais; 2ª Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude.


Por último, o Conjuve foi convidado pelo Ministério da Saúde e aceitou participar de um grupo de trabalho interministerial que está discutindo a política sobre drogas, em especial o crack, e suas graves conseqüências.


Estamos atentos e prontos a contribuir com o presente e o futuro das políticas públicas que assegurem ainda mais direitos à juventude brasileira.


*Presidente do Conselho Nacional de Juventude

Brasil sediará etapa preparatória da Conferência Mundial da Juventude

O Brasil sediará a Pré-Conferência das Américas e Caribe no período de 24 a 26 de maio, no Hotel Pestana, em Salvador (BA). O evento, que precede a Conferência Mundial de Juventude, agendada para o mês de agosto, no México, está sendo organizado pela Secretaria Nacional de Juventude, vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República, com o apoio do governo da Bahia e das Agências do Sistema ONU. Cerca de 230 pessoas devem participar do encontro, entre delegados, observadores, palestrantes e convidados.

As etapas preparatórias são realizadas em nível continental, a exemplo do encontro de Salvador, que deve reunir representantes de 36 países da América e do Caribe. A exemplo do encontro mundial, que será realizado na cidade mexicana de Monterrey, a Pré-Conferência é composta por três Foros: o Foro de Governos, da Sociedade Civil e de Parlamentares, que irão discutir e aprovar uma declaração conjunta que será levada à Conferência do México. A Pré-Conferência será também uma oportunidade para a troca de informações e experiências sobre o tema entre os governos e sociedade civil dos respectivos países.

Segundo os organizadores, participarão até cinco delegados por país, sendo que os representantes de governo serão indicados pelos organismos governamentais de cada país e os parlamentares serão convidados pelo Congresso Nacional mexicano. Já as organizações da sociedade civil interessadas no encontro deverão se inscrever por meio do site www.youth2010.org até o próximo dia 30 de abril. No caso do Brasil, a seleção será feita pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) entre os inscritos. Nos demais países, o Comitê Internacional selecionará as organizações participantes da Pré-Conferência.

É importante ressaltar que a Pré-Conferência está sendo organizada pelo Brasil a pedido do governo mexicano, o que ratifica o esforço que o governo brasileiro tem feito para consolidar uma política juvenil que assegure efetivamente os direitos dos jovens e crie oportunidades para que estes exerçam um papel de destaque nos projetos prioritários do país.

Mais informações:

Assessoria de Comunicação da Secretaria-Geral da Presidência da República

Telefone: (061)3411-1407 (061)3411-1407 ou www.planalto.gov.br/secgeral

domingo, 25 de abril de 2010

'Acho que a UNE tem de ficar neutra'

Entrevista com presidente da UNE. Augusto Chagas
22 de abril de 2010 0h 00

Luís Fernando Bovo - O Estado de S.Paulo
Na galeria de seus ex-presidentes, a União Nacional dos Estudantes (UNE) ostenta a foto do pré-candidato do PSDB José Serra. Entre 1963 e 1964, o tucano que vai disputar a sucessão do presidente Lula comandou a entidade estudantil, partindo para o exílio enquanto estava no posto. Hoje, 46 anos depois e com R$ 10 milhões em verbas federais no cofre, a organização tenta conter a forte pressão para declarar apoio formal a Dilma Rousseff (PT), candidata de Lula e rival de Serra na eleição.
Boa parte das correntes internas da UNE vai defender durante o 58.º Conselho Nacional de Entidades Gerais (Coneg), que se realiza no Rio entre hoje e domingo, o apoio a Dilma. Resta saber se eles conseguirão convencer os demais e emplacar a proposta. "A minha opinião é que a UNE tem de manter uma postura de independência no pleito, sem declarar apoio formal a nenhum dos candidatos", diz o presidente, Augusto Chagas. A única vez em que a UNE declarou apoio a um candidato foi em 2002, no segundo turno, quando a entidade optou por Lula após um plebiscito.
Na entrevista abaixo, ele detalha a pressão que a UNE vem enfrentando, fala sobre os repasses federais, analisa o governos Lula e Serra e defende o controle social da mídia.
A UNE está avaliando a possibilidade de declarar apoio a um candidato nas eleições. Como está essa discussão?
É uma polêmica que sempre reaparece. O Coneg tem por objetivo justamente debater a postura que a UNE vai ter nas eleições. A nossa diretoria é muito plural. Se você pegar as quatro pré-candidaturas presidenciais, todas têm representação na UNE. No Coneg, vamos identificar os temas que acreditamos que precisam ser debatidos na eleição e preparar um programa. Tem algumas pessoas que vão defender que a UNE tem de declarar apoio a determinado candidato por acreditar que ele tem mais condições de implementar o programa proposto pelos estudantes. E tem outra opinião, que é a minha. Acho que a UNE tem de se manter neutra, numa postura de mais independência.
A pressão maior é pelo apoio a Dilma Rousseff?
A maioria das correntes que compõem a direção UNE está também na base do governo. Então, defendem a candidatura de Dilma à Presidência.
O sr. falou em independência. A UNE recebeu R$ 10 milhões em verbas federais nos últimos 5 anos. A independência não fica comprometida?
O que a UNE procurou fazer foi ocupar um espaço que foi aberto com a eleição do Lula. No período do governo FHC, a UNE tinha dificuldade de diálogo. Nunca havia sido recebida pelo ministro da Educação. O que mudou foi o tratamento. Lula, por sua trajetória, estilo e convicções, passou a ter a postura de estabelecer diálogo com alguns atores da sociedade. A UNE procurou ocupar esse espaço. A UNE sempre foi uma das grandes críticas à política econômica do governo. Fez passeatas e defendeu a demissão do presidente do Banco Central. Do ponto de vista de verbas, o que a UNE recebe são emendas parlamentares, a maioria relacionada à política cultural, e uma outra pequena parte de patrocínios de estatais. Apresentamos projeto de parcerias. É correto que os governos ajudem. Não há nada de ilegítimo e politicamente inaceitável nisso. Estamos tranquilos.
E o projeto que indeniza a UNE por conta da destruição de sua sede? Quanto ela receberá?
Estamos comemorando a aprovação, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Temos um projeto do Oscar Niemeyer. A UNE trabalhou muito para que esse projeto fosse aprovado, conseguimos o apoio de todos os partidos. O valor está vinculado ao custo da obra. O teto é R$ 30 milhões. O projeto cria uma comissão para acompanhar a obra.
Como avalia o governo Lula?
Avaliamos que estamos vivendo um período de consolidação da democracia e das políticas sociais. A educação tem vivido um bom momento. Triplicamos o orçamento da área, triplicamos a oferta de vagas nas universidades federais, voltamos a construir universidades. A autoridade do Brasil no mundo tem se ampliado. Mas há coisas a serem feitas. O Brasil ainda tem nas suas politicas macroeconômicas muito conservadorismo. Há a questão do problema agrário, que não foi enfrentado. Temos também o problema da juventude, do primeiro emprego.
E o governo Serra?
José Serra foi presidente da UNE. Recentemente ele deu uma declaração de que a UNE hoje é partidária. Ele foi infeliz, porque a UNE na época dele sempre teve organizações políticas à frente. Serra foi presidente da entidade por ter sido referência e liderança do movimento político que existia na organização. Na atual realidade política brasileira, ele representa interesses da elite, do setor mais conservador da nossa sociedade. A relação que manteve e desenvolveu com movimentos sociais foi trágica. Veja o caso dos professores. O governo Serra tem a postura de não fazer questão de estabelecer diálogo. É uma cegueira que se estabelece. Acusar uma greve de professores, com salário-base entre R$ 780 e R$ 950, e dizer que eles não têm razão para reivindicar aumento é um absurdo.
Você acha que a manifestação dos professores em frente ao Palácio dos Bandeirantes foi um ato político?
Acho que não devemos adjetivar a questão de maneira negativa. Ainda bem que tem política nos professores, que eles têm motivação, que eles pensam e agem com convicção política. Não acho correto ter motivação partidária, eleitoral. Eles têm razão para apresentar reivindicações. O governo de São Paulo teve pouquíssima habilidade para tratar com a greve. Eu estava no ato. A reação da PM foi inacreditável. Quem construiu a confusão foi a PM. Tomei pancada no rosto, sai sangrando.
No caso dos meios de comunicação, você acha que deve haver um conselho regulador?
Eu acho que precisamos ter controle social. É diferente de visões que defendem o controle governamental. Os meios de comunicação não podem ser tratados como uma atividade privada de qualquer tipo. A sociedade tem de ter ferramentas para fazer um controle da mídia.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

R$ 56 milhões para as artes

Funarte lança 34 editais para premiar mil artistas
Com o maior orçamento dos últimos 20 anos definido pelo Ministério da Cultura, a Funarte acaba de lançar 34 editais de fomento às áreas de teatro, dança, circo, artes visuais, fotografia, música, literatura, cultura popular e arte digital. Serão concedidos mil prêmios e bolsas de até R$ 260 mil, para projetos de produção, formação de público, pesquisa, residências artísticas, apoio a festivais e produção crítica sobre arte.

Com investimento total de R$ 56,8 milhões, a Funarte e o Ministério da Cultura acabam de lançar 34 editais de fomento às áreas de teatro, dança, circo, artes visuais, fotografia, música, literatura, cultura popular e arte digital. Serão concedidos mil prêmios e bolsas de até R$ 260 mil, para projetos de produção, formação de público, pesquisa, residências artísticas, apoio a festivais e produção crítica sobre arte.

Foram lançadas as novas edições dos prêmios Myriam Muniz (teatro), Klauss Vianna (dança) e Carequinha (circo) e da Rede Nacional Artes Visuais – que estão entre as principais políticas públicas para as artes no Brasil. O apoio à literatura, à criação em música erudita e à circulação de música popular também está mantido. Além disso, muitas inovações garantem espaço para novos formatos e novas interações estéticas no país.

Pela primeira vez, a Funarte lança editais para seleção de festivais. Há também prêmios para artes cênicas na rua e o apoio a residências artísticas no Brasil e no exterior. A instituição investe na composição de música erudita, em concertos didáticos na rede pública de ensino e na gravação de CDs de música popular. Nas artes visuais, a Funarte volta a apoiar festivais e salões regionais, além de viabilizar projetos de pesquisa e reflexão crítica sobre artes contemporânea. A fotografia será tratada como categoria à parte, com o Prêmio Marc Ferrez.

ORÇAMENTO RECORDE – O orçamento da Funarte para 2010 é de R$ 101,6 milhões – sete vezes maior que o de 2003, e o maior em vinte anos de história da Fundação. Os programas foram elaborados a partir das diretrizes do Plano Nacional de Cultura, do Ministério da Cultura, com ampla participação da sociedade, por meio de diversos encontros com a diretoria colegiada da instituição e com os Colegiados Setoriais. Os projetos inscritos são analisados por comissões externas, contando sempre com representantes de todas as regiões brasileiras. As inscrições estão abertas em todo o país.

Confira os editais 2010 da Funarte/MinC que estão com inscrições abertas:

Prêmio de Produção Crítica em Música – Edital para apoio a dez trabalhos de pesquisa sobre música brasileira, com prêmios de R$ 15 mil para cada contemplado. Inscrições até 26 de maio.

Prêmio de Composição Clássica – Edital para apoio a 70 obras inéditas para a XIX Bienal de Música Brasileira Contemporânea, com prêmios de R$ 8 mil, R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil e R$ 30 mil. Inscrições até 30 de setembro.

Prêmio de Concertos Didáticos – Edital para apoio a 16 projetos de concertos didáticos em escolas da rede pública, com prêmios de até R$ 20 mil para cada proposta selecionada. Inscrições até 28 de maio.

Prêmio Circuito de Música Clássica – Edital para apoio a 12 projetos de recitais de música de concerto, com prêmios de até R$ 75 mil para cada proposta selecionada. Inscrições até 27 de maio.

Prêmio Circuito de Música Popular – Edital para apoio a 12 projetos de turnês de espetáculos de música popular, com prêmios de R$ 65 mil para cada proposta selecionada. Inscrições até 26 de maio.

Prêmio de Apoio à Gravação de Música Popular – Edital para apoio a 20 projetos de gravação e difusão da música popular, com prêmios de R$ 35 mil para cada proposta selecionada. Inscrições até 26 de maio.

Prêmio de Dança Klauss Vianna - Edital para apoio a 40 projetos de atividades e espetáculos de dança, com prêmios de R$ 40 mil, R$ 60 mil, R$ 80 mil e R$ 100 mil. Inscrições até 23 de maio.

Prêmio de Teatro Myriam Muniz – Edital para apoio a 34 projetos de circulação de espetáculos, com prêmios de R$ 90 mil e R$ 150 mil, e 36 de montagem de espetáculos, com prêmios de R$ 60 mil, R$ 90 mil e R$ 120 mil. Inscrições até 23 de maio.

Prêmio Festivais de Artes Cênicas – Edital para apoio a 36 projetos de festivais de teatro, circo e dança, com prêmios de R$ 50 mil, R$ 80 mil e R$ 100 mil. Inscrições até 23 de maio.

Bolsa de Residências em Artes Cênicas – Edital para seleção de 43 propostas de residência artística para profissionais de teatro, dança ou circo, com bolsa de R$ 45 mil para cada beneficiado. Inscrições até 23 de maio.

Prêmio Artes Cênicas na Rua – Edital para apoio a 63 projetos de apresentação, registro ou preservação de atividades artísticas, com prêmios de R$ 20 mil, R$ 40 mil e R$ 50 mil. Inscrições até 23 de maio.

IBERESCENA - Fundo intergovernamental de apoio às artes cênicas. Criadores e produtores podem inscrever projetos em quatro categorias. Editais e mais informações em www.iberescena. org. Inscrições até 3 de setembro.

Prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo – Edital para apoio a 103 projetos de artes circenses nas diversas regiões do país, com prêmios de R$ 15 mil, R$ 25 mil e R$ 40 mil. Inscrições até 23 de maio.

Bolsa para Formação em Artes Circenses – A Escola Nacional de Circo, situada no Rio de Janeiro, amplia seu caráter nacional ao conceder 15 bolsas de R$ 20 mil para alunos de outras áreas. Inscrições abertas até 23 de maio.

Bolsa de Produção Crítica em Culturas Populares e Tradicionais – Edital para apoio a 30 trabalhos de reflexão crítica e teórica sobre a cultura brasileira, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 27 de maio.

Rede Nacional Artes Visuais – Edital para apoio a 40 projetos de fomento às artes visuais, com prêmios de R$ 20 mil e R$ 30 mil. Inscrições até 24 de maio.

Bolsa de Estímulo à Criação Artística em Artes Visuais – Edital para apoio a dez trabalhos de criação e de pesquisa em artes visuais, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 27 de maio.

Bolsa de Estímulo à Produção Crítica em Artes Visuais – Edital para apoio a dez projetos de produção crítica em artes visuais, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 24 de maio.

Apoio a Festivais de Fotografia, Performances e Salões Regionais de Artes Visuais – Edital para apoio à realização de festivais de fotografia e/ou performances e de salões regionais, com prêmios de R$ 95 mil e R$ 260 mil. Inscrições até 24 de maio.

Prêmio Marc Ferrez de Fotografia – Edital de apoio a 36 projetos de no campo da fotografia, com prêmios de R$ 10 mil e R$ 40 mil. Inscrições até 24 de maio.

Conexão Artes Visuais - Edital de apoio a 30 projetos de festivais, salões de arte, mostras, palestras, seminários, debates, oficinas, mapeamentos, publicações e exposições, com prêmios de R$ 55 mil. Inscrições até 8 de maio. Patrocínio: Petrobras.

Bolsa de Criação Literária – Edital para apoio a 60 trabalhos de produção de textos literários, nos gêneros lírico ou narrativo, com bolsas de R$ 30 mil. Inscrições até 27 de maio.

Bolsa de Circulação Literária – Edital para apoio a 50 projetos de atividades de promoção e difusão da literatura, em municípios do Programa Territórios da Cidadania, com bolsas de R$ 40 mil. Inscrições até 27 de maio.

Bolsa de Reflexão Crítica e Produção Cultural para Internet – 60 pesquisadores receberão R$ 30 mil para desenvolver textos críticos sobre arte em mídia digital, ou produzir conteúdo digital para a web.

Prêmio de Arte Contemporânea – Edital para apoio a 15 projetos de artes visuais para exposição nos espaços culturais da Funarte/MinC no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, com prêmios de R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$ 80 mil. Inscrições até 27 de maio.

Além de editais para a ocupação de galerias e outros espaços expositivos, foram lançadas 11 seleções públicas para projetos de música e de artes cênicas a serem desenvolvidos em salas de espetáculos e teatros no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Ascom Funarte

Mais informações: www.funarte. gov.br - Portal das Artes Funarte


terça-feira, 20 de abril de 2010

Estudo premiado pelo IPEA, do pesquisador Ivan Cesar Ribeiro, demonstra o favorecimento do poder local (do latifúndio, por exemplo) e dos mais ricos

"Este artigo discute duas hipóteses opostas quando se tenta prever o comportamento dos juízes ao decidirem um caso com duas partes de diferentes níveis poder econômico e político. A primeira, com grande aceitação entre os formuladores de políticas públicas no Brasil, é a hipótese da incerteza jurisdicional (Arida et al, 2005), sugerindo que os juízes brasileiros tendem a favorecer a parte mais fraca nas ações judiciais como forma de fazer justiça social e redistribuição de renda em favor dos pobres. Glaeser et al (2003) aventaram uma segunda hipótese,
sugerindo que a operação das instituições legais, políticas e regulatórias é subvertida pelos ricos e politicamente influentes em seu próprio benefício, uma situação que os pesquisadores chamaram de redistribuição do King John.
Para testar essas hipóteses, foi conduzido um teste empírico analisando decisões judiciais de 16 Estados Brasileiros, através de modelos de regressão Probit com variáveis endógenas, calculados usando a abordagem sugerida por Newey para ametodologia AGLS de Amemiya (1979). Os resultados mostram que:
a) Os juízes favorecem a parte mais poderosa. Uma parte com poder econômico ou político tem entre 34% e 41% mais chances de que um contrato que lhe é favorável seja mantido do que uma parte sem poder;
b) Uma parte com poder apenas local tem cerca de 38% mais chances de que uma cláusula contratual que lhe é favorável seja mantida e entre 26% e 38% mais chances de ser favorecido pela Justiça do que uma grande empresa nacional ou multinacional, um efeito aqui batizado de subversão paroquial da justiça.
c) Nos Estados Brasileiros onde existe maior desigualdade social há também uma maior probabilidade de que uma cláusula contratual não seja mantida pelo judiciário. Passando-se, por exemplo, do grau de desigualdade de Alagoas (GINI de 0,691) para o de Santa Catarina (0,56) tem-se uma chance 210% maior de que o contrato seja mantido."
Texto completo no link:
http://www.ipea.gov.br/ipeacaixa/premio2006/docs/trabpremiados/IpeaCaixa2006_Profissional_01lugar_tema01.pdf


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Campanha pela memória e pela verdade - OAB RJ

A memória nos distingue, a memória nos protege, a memória nos permite evoluir. Apenas as nações que se esquecem de seu passado permitem a repetição do arbítrio. O totalitarismo ressurge como resultado da ignorância, na maioria das vezes consequência da desigualdade social. O ser humano sem memória perde seu distintivo de humanidade. Estado, sem memória, não é nação.

Não nos move o sentimento de revanchismo, não queremos torturar os torturadores. Queremos a verdade, apenas e, simplesmente, a verdade.

Assim, a OAB/RJ inaugura sua campanha pela memória e pela verdade, a qual deverá tornar-se uma campanha permanente e que, esperamos, contaminará o País e contará com o apoio de toda a sociedade. E que seja uma campanha tão estrondosa que todos os governantes sejam obrigados a nos ouvir.

Contamos com a sua assinatura no abaixo-assinado!

links para as matérias de jornais de tv sobre a Campanha:

O projeto Brasil da UNE e os desafios de 2010

O projeto Brasil da UNE e os desafios de 2010

Por Tiago Ventura* e Joana Parolli**

As eleições de 2002 e a chegada do Presidente Lula, liderando um campo de alianças com base nos setores progressistas da sociedade brasileira, representou um marco histórico para os movimentos sociais e para o povo brasileiro.

Iniciava-se no Brasil e na América Latina um novo período histórico, caracterizado pela transformação social, pelo combate as desigualdades e pela contestação aos pilares neoliberais.

Nesse contexto, os movimentos sociais brasileiros se viram na tarefa de reafirmar sua autonomia, fortalecer seus processos de mobilização e aprofundar a unidade do campo progressista. Pressionando e disputando o governo para um projeto de desenvolvimento popular, de caráter democrático e anti-capitalista, baseado nas bandeiras históricas do povo brasileiro, ao mesmo tempo em que rechaçava a volta dos setores entreguistas e neoliberais reinantes nos anos FHC.

Para dar conta das tarefas colocadas as principais entidades do movimento social, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcha Mundial de Mulheres (MMM), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira dos Estudantes (UBES), entre outros, organizaram em 2003 a Coordenação Nacional dos Movimentos Sociais (CMS).

A CMS tem sido um fórum fundamental de articulação dos setores populares e, neste sentido, deve ser reforçada pelas entidades do movimento social, principalmente as estudantis, como espaço de debates e de construção de agendas de mobilização.

Eleições de 2010

O ano de 2009 foi marcado pela crise estrutural do sistema capitalista, capaz de demonstrar a perversidade desse sistema e que sua lógica predatória tem aprofundado a exploração dos trabalhadores no mundo todo. O principal significado da crise mundial reside na incapacidade demonstrada pelos grandes pólos capitalistas de gerirem a sociedade mundial a partir dos seus sistemas de poder, economia e valores, colocando-se diante da consciência que os padrões capitalistas são incompatíveis com a sobrevivência do planeta e que as soluções dos problemas atuais estão fora dos seus marcos.

O auge da crise neoliberal encontrou na América Latina forças populares em condições de disputar os governos e iniciar processos de superação do neolibera­lismo – processos difíceis e tortuosos, mas com um po­tencial anti-imperialista.

No Brasil, as políticas implementadas pelo governo Lula, em especial no segundo mandato, privilegiariam o fortalecimento do Estado, o combate as desigualdades, o aquecimento do mercado interno, a recuperação do salário mínimo, a expansão dos investimentos em educação e a criação de inúmeras universidades federais, e a retomada dos concursos públicos para contratação de servidores federais. Esta grande mudança de agenda política, somada a uma política externa soberana de integração regional, priorizando as relações com países do hemisfério sul, foi capaz de abrir novas perspectivas para a esquerda no Brasil.

Vivemos em uma conjuntura favorável aos setores populares, na qual a hegemonia contestadora, anti-capitalista e socialista tem avançado. Por isso, o ano de 2010 será decisivo para todo o povo brasileiro. Uma vitória da esquerda brasileira nas eleições tem o potencial de acelerar uma dinâmica aberta de revolução democráti­ca, aprofundando as conquistas do último período e apontando para um programa de transformação econômica, política e so­cial com participação ativa da classe trabalhadora e do povo organizado.

Visualizando a superação desses desafios, a União Nacional dos Estudantes definiu como centro da sua intervenção política a disputa de projetos de 2010, convocando todos e todas as estudantes a participarem do Conselho de Entidades Gerais da UNE, onde formularemos o Projeto Brasil dos estudantes brasileiros, a ser apresentado e discutido na Assembléia dos Movimentos Sociais convocada pela CMS para o dia 31 de maio, espaço em que formularemos com muita unidade dos movimentos sociais o nosso Projeto Nacional e Popular para as eleições de 2010.

Os desafios da UNE

O projeto Brasil da UNE é o instrumento pelo qual disputaremos o processo eleitoral. Em um ano marcado pela disputa de idéias, é tarefa histórica da entidade ter lado e projeto político nessa disputa.

Cumpriremos nossas tarefas, construindo um projeto que aponte para três eixos centrais.

O campo Kizomba acredita que, em primeiro lugar, devemos apresenta qual o projeto de desenvolvimento defendido pela entidade. Ele ter como pauta a soberania nacional e a necessidade de aprofundarmos nossa relação com países e povos do hemisfério Sul e da América Latina, combatendo o processo de militarização operado pelos EUA no nosso continente e aponte para o fortalecimento de alternativas como o Mercosul, a ALBA e a UNASUL.

Nesse eixo, também podemos elencar: a necessidade de tornar hegemônica a eco­nomia sob controle público, reduzindo drastica­mente o poder do capital e as relações sociais mercan­tilizadas; a construção de reformas estruturantes para o país, como a reforma agrária capaz de elevar o papel histórico da agricultura familiar e eliminar de vez o latifúndio no Brasil, a reforma urbana que enfrente os terríveis desequilíbrios regionais e injustiças sociais produzidos pelo de­senvolvimento capitalista concentrador e criador de misérias absolutas e relativas no país, uma reforma política baseada na construção de sistema nacional de de­mocracia participativa que tenha como eixo a partici­pação ativa da classe trabalhadora e do povo organi­zado e a democratização dos meios de comunicação capaz de fortalecer o caráter público desse setor e combater os desmandos dos oligopólios da mídia privada; e a retomada do papel do Estado em setores estratégico da economia como o petróleo, a mineração e energia.

O segundo eixo deve materializar a pauta histórica da entidade em defesa da educação pública brasileira, apontando para a necessidade de democratizarmos por inteiro a universidade brasileira, ampliando a expansão de vagas no Ensino Superior, atingindo o patamar de 30% da população jovem no país, tendo 60% dessas vagas no ensino público; garantindo o aumento do financiamento da educação pública por meio do investimento de 10% do PIB e de 50% do Fundo Social do Pré-Sal na educação; construindo um sistema nacional articulado de educação que organize um novo modelo de colaboração entre os entes federados e seja capaz de regulamentar o setor privado, invertendo a lógica de financeirização, mercantilização e de entrada de capital estrangeiro na educação brasileira.

Por fim, é fundamental construir um recorte de juventude no Projeto Brasil da UNE. A UNE é a principal entidade organizada do movimento juvenil brasileiro, e precisa colocar em pauta para os movimentos sociais a necessidade de concebermos o jovem como sujeito de direitos e agente estratégico de um projeto transformador de país.

A juventude brasileira foi o setor mais atingido no período neoliberal. A crise de hegemonia que vive hoje o capitalismo financeiro nos coloca a possibilidade de disputar a imensa quantidade de jovens brasileiros para a luta social.

A UNE deve ter como prioridade convocar todos os movimentos sociais para essa tarefa, por meio da construção de uma plataforma da/para a juventude em 2010, que tenha como centro a combinação de políticas de educação e trabalho que permitam adiar a entrada dos jovens no mercado de trabalho, a promoção de empregos decentes para a juventude, a aprovação de marcos legais como a PEC e o Plano Nacional de Juventude e a criação de equipamentos públicos que permitam a juventude ter acesso à cultura e ao esporte; promover um reforma político-pedagógica no ensino médio, fortalecer políticas de permanência, e construir um sistema nacional de juventude que articule políticas da esfera federal, estadual e municipal.

Os estudantes sempre estiveram a frente dos principais momentos de disputa política do País. Foi assim na campanha "O petróleo é nosso", nas lutas pelas reformas de base, na resistência à Ditadura, na campanha pela redemocratização e na resistência ao neoliberalismo. Em síntese, mais uma vez a UNE estará ao lado dos estudantes na construção do Brasil do presente e do futuro.

*Tiago Ventura é Vice Presidente da UNE

** Joana Parolli é Diretora de Universidades Privadas da UNE

quarta-feira, 14 de abril de 2010

“Ainda é preciso fazer muito pelos jovens brasileiros”

Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), de 2009, mostrou que no Brasil existem 50,2 milhões de jovens com idade entre 15 e 29 anos. Dos quais, dois milhões vivem em situações precárias e não completaram o ensino fundamental, é muita gente. Por isso corremos atrás para saber o que governo está fazendo para melhorar a vida dessas pessoas.
O mesmo levantamento do IPEA revela que nos últimos anos diversos programas foram criados para atender o público jovem. Projetos como Programa Nacional de Inclusão de Jovens (ProJovem), Programa Universidade para Todos (ProUni), Pontos de Cultura, Bolsa Atleta, e outros têm despertado cada vez mais expectativas positivas para a juventude do nosso país.

“É fundamental que as políticas para os jovens continuem. Os resultados dos programas são satisfatórios, mas ainda é preciso fazer muito pelos jovens brasileiros. Todos devem ter direito a educação, emprego e uma renda familiar adequada,” disse o Diretor de Estudos e Políticas Sociais do IPEA, Jorge Abrão de Costa, um dos responsáveis pela pesquisa.

Segundo o estudo o IPEA os programas que apresentaram os melhores resultados foram o ProJovem e o ProUni.

O ProJovem busca ampliar as oportunidades de estudo e emprego para os jovens brasileiros. Em 2008, foram previstos recursos para o programa de cerca de R$ 1,2 bilhão. A meta do governo federal é oferecer 3,5 milhões de vagas até 2010, por meio dos quatro tipos de ProJovem: Adolescente, Urbano, Trabalhador e Campo. Em 2009, 800 mil jovens foram beneficiados.

Já o ProUni, que teve início em 2005, alcançou 112.275 estudantes bolsistas em 1.142 instituições de ensino superior em todo o país. A meta para 2008 era de 180 mil bolsas, o número foi superado em mais de 45 mil bolsas, 25% a mais do que o previsto. Em números reais, nos quatro anos do programa (2005-2008), o ProUni ofereceu um total de 639.802 bolsas, sendo 367.729 integrais e 272.073 parciais.

Conheça todos os programas

Aqui mesmo, no nosso blog, listamos todos os programas voltados ao público jovem. Na aba Programas você pode conferir os 16 projetos voltados para a juventude. Também existe uma secretaria especial para cuidar dos assuntos que nos dizem respeito: a Secretaria Nacional de Juventude.

Postado no Blog da Dilma:

Charge muito boa, kkkkk.


SERRA VETOU PROJETO DE LEI DE MAPEAMENTO E CADASTRAMENTO DE ÁREAS DE RISCO

terça-feira, 13 de abril de 2010
Grande São Paulo tem pelo menos duas áreas construídas sobre aterros

A tragédia no Morro do Bumba, no Rio de Janeiro, despertou o alerta em relação a outros bairros construídos sobre aterros sanitários. O ABC paulista tem duas áreas nessas condições: o Núcleo Espírito Santo, localizado no bairro Cidade São Jorge, em Santo André, e o Residencial Barão de Mauá, localizado no Parque São Vicente, em Mauá.

Antes mesmo da tragédia carioca que deixou 150 pessoas soterradas, a deputada petista Ana do Carmo apresentou e conseguiu aprovar na Assembleia Legislativa um projeto de lei que determina que o Estado elabore mapeamento e levantamento cadastral das áreas de risco, para adotar medidas que evitem as tragédias. Só que o projeto foi vetado em maio de 2008 pelo governador José Serra.

A deputada vai realizar no próximo mês uma audiência pública para debater com a população e os parlamentares o projeto de lei e também a elaboração de um Plano Estadual de Prevenção de Riscos, que prevê a avaliação de favelas, loteamentos precários e outras áreas de risco com o objetivo de buscar soluções na prevenção de deslizamentos, enchentes, inundações e outras catástrofes.

Uma lei como a que foi proposta pela deputada Ana do Carmo poderia evitar situações como a do Núcleo Espírito Santo, em Santo André, que surgiu na década de 80 sobre um lixão e hoje abriga 1.490 famílias ao lado de um aterro sanitário. Além do risco de explosões causadas pelos gases da decomposição do lixo, os moradores convivem com mau cheiro, paredes e tetos com rachaduras e a possibilidade de desabamento devido à instabilidade do solo.

Já o Residencial Barão de Mauá foi construído sobre um depósito clandestino de lixo industrial. Os moradores descobriram que o terreno estava contaminado por 44 tipos de resíduos industriais depois que um homem morreu e outro ficou ferido em uma explosão de gás, dez anos atrás. Um levantamento realizado na época pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, a Cetesb, revelou o problema.

De acordo com especialistas, áreas que já serviram para depósito de detritos ficam impróprias para edificação durante décadas. Além da instabilidade do solo, há o risco permanente de contaminação por materiais tóxicos, explosões, incêndios e desabamentos.

O PL de Ana do Carmo, vetado por Serra, estabelece que o levantamento cadastral das áreas tem que levar em conta as condições de risco geológico, tecnológico, ameaça à Área de Preservação Permanente (APP) e proteção de mananciais. Esse levantamento é necessário para a adoção de medidas administrativas, ou judiciais, que assegurem a segurança das famílias moradoras de locais cuja situação seja de risco. O projeto prevê ainda que estas famílias sejam contempladas em programas de reurbanização ou reassentamento habitacional.

A audiência pública proposta pela deputada petista vai colocar o assunto em pauta novamente na Assembleia Legislativa. Afinal, o governador vetou o projeto que trata do problema há dois anos, mas não apresentou nenhuma solução.

SERVIÇO: Audiência Pública Sobre o Plano Estadual de Prevenção de Riscos

11 de maio, às 14h00

Auditório Franco Montoro

extraído de: http://www.ptalesp.org.br/bancada_ver.php?idBancada=2337

terça-feira, 13 de abril de 2010

Serra é o candidato da direita

Fracassado Collor – em cujo governo os tucanos se preparavam para entrar -, FHC assumiu a heranca do projeto neoliberal no Brasil. Norteou-se por seus mentores, Mitterrand e Felipe Gonzalez, e achou que se daria bem sendo seu continuador no Brasil, que era a a via que lhe restava para realizar seu sonho de ser presidente.

Assumiu com todo o ímpeto, achando que ia se consagrar. A ponto de ter proferido um conjunto de besteiras, como, entre outras, a de que ”A globalização é o novo Renascimento da humanidade”. E lá foi ser “droit” na vida.

Vestiu a carapuça que Roberto Marinho procurava. Se atribui a ele a frase, diante da queda tão chorada do Collor: “Foi o último presidente de direita que conseguimos eleger”. Se supunha que tinham de buscar em outras hostes o continuador de Collor. E acharam FHC.

Que teve a audácia de chamar o PFL, partido nascido da ditadura, com ACM, Marco Maciel, Jorge Bornhausen, como seus dirigentes pára- representativos, que tentavam se reciclar para a democracia, buscando apagar seu passado. Tucanos e pefelistas foram a base de sustentação firme do governo, que agregou o PMDB (governista, como sempre) e outros partidos menores.

Esse foi o eixo partidário do projeto neoliberal de FHC. Que pretendia ser para o Collor o que o Toni Blair foi para a Thatcher: deixar que Collor fizesse o trabalho mais sujo do neoliberalismo – privatizações, abertura da economia, enfraquecimento substancial do Estado, precarização das relações de trabalho -, para que ele aparecesse como a “terceira via”. Como Collor fracassou, FHC teve que vestir o tailler da Thatcher e implementar a ortodoxia neoliberal.

Serra nunca se deu bem com FHC – como, aliás, com ninguém, com seu gênio de turrão, de mal humorado, que nunca sorri, que atropela a tudo e a todos que vê como obstáculos. Serra sempre disputou com FHC dentro dos tucanos, era seu rival. Perdeu e teve que aceitar o Ministério do Planejamento do governo, sem poder algum, mas tendo que referendar o Plano Real. Depois foi para a Saúde, para tentar preparar sua candidatura à presidência. Tentou manter distância do governo de FHC, sabendo que quem se identificasse com o governo, perderia. Não consegui e foi derrotado fragorosamente no segundo turno.

Em 2006, temeu por uma nova e definitiva derrota, além do que, pessoa com péssimas relações com todo mundo, perdeu para Alckmin o foro interno dos tucanos e teve que se contentar com esperar. Volta agora como o candidato do bloco que passou a ocupar o espaço da direita no campo político brasileiro.

A oposição aceita Serra não de bom grado, em primeiro lugar porque ele tem relações ruins com todos. Em segundo, porque ele não quer assumir o figurino – vestido com desenvoltura por FHC, por Sergio Guerra, por todo o DEM – de bater duro no governo Lula, de assumir claramente o papel de oposição ao governo. Porque Serra sabe que o sucesso do governo Lula demonstra que esse é um caminho seguro de derrota.

É um casamento de conveniência, mas não havia outro lugar se Serra ainda tem alguma esperança de ser presidente. Às vezes, pela fisionomia e pelas palavras dá a impressão que ele sai candidato com resignação, consciente que é sua ultima oportunidade, mas que sabe que vai para o matadouro, para a derrota inevitável.

O campo político não é definido pela vontade das pessoas. Ele tem uma objetividade, resultado dos enfrentamentos e das construções de força e de aliança de cada bloco. A bipolaridade não é um desejo, é uma realidade. São dois grandes blocos que se enfrentam, com programas, forças sociais, quadros, objetivos e estratégias contrapostas.

Dilma representa o aprofundamento do projeto de 8 anos do governo Lula, ocupa o espaço da esquerda no campo político. Serra representa as mesmas forças que protagonizaram os 8 anos do governo FHC, que implementou o neoliberalismo no Brasil, governo de que o próprio Serra foi ministro todo o tempo. São dois projetos, dois países distintos, dois futuros diferenciados, para que o povo brasileiro os compare de decida.


Postado por Emir Sader às 05:48
http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=445

sábado, 10 de abril de 2010

Mentirosa e incompetente: imprensa divulga informações falsas sobre a CONAE

Publicado em 07/04/2010

Por Daniele Moraes*

Apesar de muitos de nós já estarem acostumados, a postura da imprensa brasileira frente ao que considera (ou não) “relevante” beira, muitas vezes, a irresponsabilidade – fugindo por completo do compromisso, que gosta de reivindicar para si, de prestadora de serviço de interesse público. Assim, seria cômico, se não fosse lamentável, observar e constatar o deliberado desinteresse da grande mídia nacional em relação à realização da primeira e histórica Conferência Nacional de Educação – uma atividade que reuniu mais de três mil delegados e debateu, em sua etapa nacional, durante cinco dias, sobre as diretrizes do setor educacional brasileiro.

A Conferência, que mobilizou sociedade civil e Poder Público em um debate inédito sobre os rumos da educação no Brasil, não foi “digna” de sequer uma linha nos principais veículos de comunicação da massa do País. E, infelizmente, os poucos que se manifestaram o fizeram de maneira oportunista, superficial e equivocada – tendo sido noticiadas, e exploradas, informações falsas, em função de distorções ideológicas e da incompetência dos profissionais envolvidos.

Podemos citar, mais especificamente, dois jornais de grande circulação e bastante influência na agenda pública brasileira: Valor Econômico e O Estado de São Paulo. Talvez em função de uma cobertura viciada em procurar defeitos (e criar escândalos), acompanhamos a publicação de textos com erros de informação e apuração, redigidos de maneira equivocada e confusa – deixando explícito o despreparo e a má intenção dos veículos.

Para entender melhor: o Valor divulgou a informação de que teria sido aprovada na Conferência Nacional de Educação uma proposta de criação de uma agência reguladora para o setor educacional. E ainda colocou, como sendo declaração do Secretário de Assuntos Educacionais da CONTEE, José Thadeu de Almeida, uma informação distorcida e mal interpretada – que dava a entender que a proposta havia de fato sido aprovada. Segundo o Secretário da CONTEE e membro da Comissão Nacional Organizadora da CONAE, “em lugar nenhum e em nenhuma emenda aprovada, e nem mesmo entre as não aprovadas, há a proposta de criação de agência reguladora para educação. Posso garantir. Ou seja, esse é um debate estéril”. Se isso já não fosse suficiente, o Estadão publicou outra reportagem e também um editorial falando sobre o mesmo tema e criticando os resultados da CONAE, que seriam, segundo o jornal paulista, baseados no “dirigismo estatal” e na “supressão da liberdade de iniciativa no setor”.

O coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e membro da Comissão Organizadora da CONAE, Daniel Cara, também manifestou indignação com as reportagens. Segundo carta enviada por Cara ao Fórum de leitores do Estadão: “o editorial do Estadão comete equívocos ao comentar as deliberações da Conferência Nacional de Educação (Conae). Em primeiro lugar, a Conae deliberou pela construção do Sistema Nacional Articulado de Educação a partir da cooperação e colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios, ou seja, não defendeu qualquer caráter de centralização da gestão educacional por parte do Governo Federal, como aponta o texto. Pelo contrário, a Conae reforçou o papel das secretarias municipais e estaduais de educação determinando, inclusive, que os gestores educacionais sejam os gestores dos recursos da educação, o que infelizmente não ocorre hoje. (...) Por último, a Conae não deliberou necessariamente por uma agência reguladora da educação privada e sim por mais regulação no setor, o que é desejável haja vista a baixa qualidade da maioria dos cursos oferecidos nas instituições privadas (...)”.

Quem também manifestou sua indignação frente ao fato da imprensa ter ignorado a realização da CONAE foi o Professor emérito da Unicamp, Dermeval Saviani, que teve sua mensagem publicada no Painel do Leitor do jornal Folha de São Paulo: “A mídia, de modo geral, incluída a Folha, comunga com empresários e políticos o discurso, mais ou menos unânime, de que a educação, na dita "sociedade do conhecimento", em que nos encontramos atualmente, é a coisa mais importante, devendo ser, portanto, a prioridade número 1 dos governos e da sociedade como um todo. No entanto, assim como os governos relutam em traduzir a referida prioridade em mais investimentos, a mídia também se nega a traduzi-la no noticiário referente às iniciativas educacionais. A semana que passou foi palco de um dos principais acontecimentos da educação brasileira: a Conferência Nacional de Educação (Conae), aberta em Brasília na noite de 28 de março, e encerrada no dia 1º de abril. (...) Apesar da grande importância desse acontecimento, a mídia falada e escrita nada publicou a respeito. Acompanhei como assinante a Folha para ver o que seria publicado sobre o assunto. A Conae se encerrou e nada encontrei. Como explicar essa omissão da mídia diante de algo que ela mesma proclama como de transcendental importância? Seria tal proclamação apenas dominantes e dirigentes no que se refere a uma educação que efetivamente venha a propiciar a toda a população brasileira uma visão clara e consistente da situação em que vive?".

Conduto, tais falácias certamente não serão desmentidas pelos veículos de comunicação. No máximo, o que poderemos ver será a publicação destas ou de outras cartas alertando sobre as informações falsas. O que nos obriga, lamentavelmente, a constatar o comprometimento ideológico da imprensa brasileira – voltado exclusivamente aos interesses privados. Além de seu partidarismo e sua conduta tendenciosa e, pior, incompetente.

Assim, caro leitor, se você deseja informações sobre as deliberações, as conquistas e os importantes avanços aprovados na CONAE, mude de canal, rasgue seu jornal, visite outros sites e portais. Não será pelos olhos vidrados pelo poder dos barões da mídia nacional que você encontrará o eco das reivindicações históricas dos trabalhadores, dos estudantes e do povo brasileiro.

* Daniele Moraes é assessora de Comunicação da CONTEE

Organizações sociais recebem R$ 340 mi

Em SP, entidades privadas administram projetos públicos e dominam cultura

Para críticos, modelo é uma privatização branca, já Estado defende que OS flexibiliza gestão; organizações são hoje superestruturas

FABIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

No primeiro contrato que assinou com a Secretaria de Estado da Cultura, em novembro de 2004, a Apaa (Associação Paulista dos Amigos da Arte) recebeu R$ 6,5 milhões de verba pública para administrar por um ano quatro teatros e um centro cultural. Neste 2010, quando acumula a gestão de uma penca de outros projetos e eventos, a entidade ganhará do governo pelo menos R$ 45,9 milhões.
Na época do primeiro repasse, a Apaa tinha 76 funcionários; hoje, possui 297.
Crescimento parecido teve a Associação dos Amigos do Projeto Guri, que administra oficinas de educação musical a crianças e jovens: dos R$ 15,2 milhões recebidos em 2005 (para atender 21 mil alunos), saltou para R$ 56 milhões em 2010 (previsão de atender 53 mil alunos). Tinha no início 55 empregados; hoje, são 1.631.
Ambas são OS (Organizações Sociais) do setor cultural, entidades de direito privado sem fins lucrativos, credenciadas, por lei, para administrar projetos e equipamentos culturais públicos. E, como muitas das 19 entidades credenciadas, multiplicaram com rapidez verba e atribuições, tornando-se superestruturas.
Passados cinco anos dos primeiros contratos, assinados no fim de 2004, todos os equipamentos culturais do Estado são administrados por OS com dinheiro público. O valor dos repasses aumenta a cada ano. Em 2008, o percentual destinado às OS atingiu 69,7% do orçamento da secretaria -depois, decaiu pelo aumento do investimento em obras.
Também utilizado na área de saúde, as OS são amparadas por uma lei estadual. O texto dispensa licitação para a escolha das entidades. Impõe a criação de conselhos de administração, fiscalização externa e a publicação anual de relatórios.
Decreto de 2006 fixou normas para contratação de pessoal pelas OS, como divulgação do processo seletivo e vedação à admissão de parentes dos diretores (que são remunerados) e conselheiros (não são).
A natureza jurídica das OS permite que elas captem recursos além da verba pública, mas em geral essa fonte "externa" representa minoria nos orçamentos. Isso até em casos como o da Fundação Osesp (da Sinfônica do Estado). Com grande potencial de retorno e um conselho repleto de personalidades, receberá em 2010 ao menos R$ 43 milhões do governo, enquanto, segundo a secretaria, a previsão de captação de outros recursos (incluindo Lei Rouanet) é de R$ 24 milhões.
Críticos alegam que o modelo é uma privatização branca. O Estado defende que as OS flexibilizam a gestão. Para o secretário da Cultura, João Sayad, o modelo está consolidado.
À secretaria, diz ele, cabe definir as políticas públicas. A diretriz às vezes entra em choque com a desejada autonomia das OS quanto ao rumo artístico dos projetos.



Legalidade das OS será examinada

STF planeja retomar neste semestre julgamento contra a lei federal que permitiu a criação das organizações sociais

Se a lei for considerada inconstitucional, pode pôr fim às organizações sociais nos Estados em que elas já são desenvolvidas, como SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Doze anos depois de sancionada as leis que instituem as Organizações Sociais, a controvérsia em torno da legalidade do modelo pode ter um desfecho. O STF (Supremo Tribunal Federal) planeja retomar ainda neste semestre o julgamento de uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra a lei federal que permitiu a criação das OS, sancionada em 1998 pelo governo Fernando Henrique Cardoso.
O teor do texto é semelhante ao da lei estadual, do mesmo ano, que ampara as OS de cultura e de saúde em São Paulo.
A Adin foi movida em 1998 pelo PT e pelo PDT contra o então presidente da República e o Congresso Nacional, com pedido de liminar para suspender a lei. Em 2007, foi negada a liminar. Mas a ação já está pronta para ter seu mérito votado. A expectativa do relator, Carlos Ayres Britto, é julgá-la ainda neste semestre. O ministro informou ter pedido prioridade à sua assessoria jurídica para análise do processo.
Questionado sobre os eventuais reflexos da decisão sobre as leis estaduais, Ayres Britto disse que a questão será analisada no próprio julgamento da Adin. Há expectativa de que, se a lei federal for considerada inconstitucional, a decisão seja seguida por tribunais inferiores, pondo fim ao modelo nos Estados em que ele já está desenvolvido, como São Paulo.
Professora titular de direito administrativo da USP, Maria Sylvia Di Pietro avalia que o modelo das OS não tem respaldo legal. "Se a Constituição impõe normas para a organização pública para proteger o dinheiro e o serviço públicos, com esse modelo você contraria o regime público da administração. Sou contra o modelo em si. Do ponto de vista jurídico não é aceitável", afirma, e ressalva não conhecer a situação específica das OS da cultura em SP.
"Não sou a favor de deixar a legalidade de lado em nome da eficiência. Tem que buscar a eficiência dentro da legalidade. Além do que, administração particular não é garantia de eficiência. Muitas faculdades privadas foram fechadas por falta de eficiência", completou a professora. Outro crítico do modelo é o promotor Sílvio Marques, que investiga irregularidades envolvendo duas OS (Associação de Amigos do MIS e Associação de Amigos do Mube). O Ministério Público aponta desvio de verba e uso de notas frias por gestões passadas das entidades, cujos contratos já foram rompidos pela Secretaria de Cultura, e conseguiu na Justiça a quebra do sigilo bancário dos gestores. Não houve denúncia até o momento.
Quanto à lei, Marques critica especialmente a dispensa de licitação. "Não há motivo algum para dispensar licitação. A administração fica livre para escolher. Está havendo uma sangria de dinheiro público, porque essas OS cometem irregularidades e o acompanhamento, na maioria dos casos, é falho. O TCE [Tribunal de Contas do Estado, a quem cabe a fiscalização externa] não tem condições de verificar todos os contratos e todos os atos de todas as OS. Fazem por amostragem, e aí passa muita coisa", diz.
(FABIO VICTOR)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A coligação Globo/Serra/ DEM


http://quemtemmedod olula.wordpress. com/2010/ 03/31/a-coligaca o-globoserradem/

O governador de São Paulo José Collor Arruda Serra inaugurou na terça-feira parte das obras do RODOANEL em seu estado. Cobertura jornalística ampla, geral e irrestrita.
José Collor Arruda Serra é um dos políticos mais corruptos do Brasil e pior que FHC em muitos sentidos. A prisão de executivos da ALSTOM em Londres vai revelar no curso das investigações que foi um dos comprados para a concessão de obras públicas em seu estado, inclusive o RODOANEL. Os empresários foram presos exatamente por comprar políticos sul-americanos como Serra.

O JORNAL DAS BANDEIRANTES ao mostrar a inauguração de parte das obras (neste momento ele está inaugurando promessas inclusive) mostrou também um imenso protesto de professores da rede pública do estado, largados à deriva, como toda a educação em qualquer governo tucano (educação dá dinheiro, não permite caixa dois, propina).

O JORNAL NACIONAL, parte da programação do PARTIDO GLOBO que integra a coligação DEM/PSDB (o partido de Serra), mostrou a solenidade de inauguração e cortou as imagens da manifestação.

O PARTIDO GLOBO é mestre nisso. Mau caratismo e desonestidade na informação. Distorce, mente, inventa, tem um time de canalhas padrão William Bonner que além de não ter o menor escrúpulo, são de quem paga mais, ou de quem paga, ainda se dá ao luxo de chamar o telespectador de idiota, tratá-lo como tal e considerá-lo de fato assim.

O PARTIDO GLOBO sempre foi assim. Para início de conversa é uma organização estrangeira com aparência de nacional. Começou com capital estrangeiro, pouco antes do golpe militar de 1964 (o próprio Carlos Lacerda, líder de extrema-direita à época denunciou o fato). Dispôs de todos os recursos necessários para implantar-se, crescer e com o golpe transformou- se em veículo oficial da ditadura.

Roberto Marinho, o canalha chefe, escondia notícias de tortura, notícias de escândalos do governo militar (corrupção generalizada) , como escondeu as manifestações populares que pediam diretas já. Só as liberou quando o próprio ditador Figueiredo autorizou e quando perceberam que mais de um milhão de brasileiros estava comparecendo a cada um dos comícios pelas diretas.

Inventou a figura do caçador de marajás dentro do projeto político da nova ordem econômica, o neoliberalismo, foi parte beneficiada com recursos públicos no governo de Collor, só tratou do impedimento quando jeito não tinha mais, quando o Brasil inteiro clamava por isso.

Apoiou os oito anos de corrupção e barbárie do governo FHC, sustentou-se com dinheiro público, inclusive em sua monumental divida externa (da empresa), paga em parte por FHC em troca do apoio a Serra em 2000 (havia um pedido de falência numa corte de New York contra a GLOBO).

Às vésperas das eleições de 2006, como as pesquisas indicassem a vitória de Lula no primeiro turno, a sua reeleição, deixou de noticiar um acidente aéreo, principal fato jornalístico do dia, mais de 150 mortos, a queda do avião da GOL, para divulgar um dossiê falso, mentiroso como se viu mais à frente, na tentativa de forçar o segundo turno e tentar eleger o corrupto Geraldo Alckimin (aquele que a mulher ganhou 300 vestidos para leiloar em benefício de uma instituição de caridade e preferiu ficar com eles).

Um mês antes das eleições criou uma “caravana da cidadania” conduzida pelo cafetão travestido de jornalista Pedro Bial para percorrer o País fazendo a campanha de Alckimin e em seguida às eleições, Bial teve que engolir em seco o dedo no nariz do governador do Paraná Roberto Requião que chamou a ele e a Miriam Leitão de “mentirosos”. São mentirosos muito bem remunerados.

Tem entre seus principais jornalistas um antigo agente da ditadura, Alexandre Garcia, acabou demitido por assédio sexual. Era funcionário do Banco do Brasil e foi para o Gabinete Militar eufemismo para SNI (SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES), sinônimo de dedo duro.

É um partido político, está coligado com duas das principais quadrilhas partidárias do Brasil, o PSDB e o DEM (venderam setores estratégicos da economia nacional, patrimônio público a chamada privatização) e quer vender agora a candidatura de um político que além de corrupto, sem nenhum caráter, é lato senso um boçal.

GLOBO/PSDB/DEM, a coligação que pretende passar a escritura do Brasil vendendo o patrimônio que resta e mudar a grafia do País para BRAZIL.

Trazem partidos menores consigo. A FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, RBS no sul do País, ESTADO DE SÃO PAULO, PPS (do corrupto Roberto Freire, ou o ex-honesto) e é no mínimo curioso que a BANDEIRANTES tenha mostrado a manifestação de professores, se levarmos em conta que Serra é um dos “herdeiros” da rede. Os pagamentos devem estar atrasados.

A campanha eleitoral deste ano vai ser das mais sórdidas da história.

Essas máfias, meios de comunicação da chamada grande mídia, partidos agregados vão tentar de tudo para levar ao poder uma das figuras mais repulsivas da política brasileira, José Collor Arruda Serra.

Seria necessário criar um superlativo para canalha, o único jeito de defini-lo lato senso..

A opção do eleitor brasileiro vai ser simples. Ou aceita o rótulo de idiota que William Bonner criou para o telespectador do JORNAL NACIONAL, ou rejeita e repudia todas essas quadrilhas preservando o Brasil como nação soberana. Preserva a integridade do nosso território, nossa história, nossa liberdade, sobretudo a perspectiva de termos futuro.

Serra é sórdido. Mas GLOBO em tudo e por tudo é bem mais.

É uma coligação GLOBO/PSDB/DEM. E é contra o Brasil e os brasileiros.

Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, onde mora até hoje, trabalhou no “Estado de Minas” e no “Diário Mercantil”. É colaborador do blog “Quem tem medo do Lula?”.

“A esquerda tem o poder político, mas a direita continua com o poder econômico”

Entrevista Boaventura de Sousa Santos
Por Tatiana Merlino

Nos últimos dez anos, a América Latina se transformou na vanguarda da luta anti-imperialista: “foi o continente onde o socialismo do século 21 entrou na agenda política”. A análise é do intelectual português Boaventura de Sousa Santos, que vê grandes avanços no domínio político e “alguns avanços sociais” durante a década passada no continente latinoamericano. No entanto, ele afirma estar receoso com início do novo decênio: “vejo sinais perturbadores”, diz, referindo-se à recente derrota eleitoral da “esquerda moderada” no Chile e ao crescimento da direita na Venezuela.

Doutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale, Estados Unidos, e professor titular da Universidade de Coimbra, em Portugal, Boaventura é considerado um dos principais intelectuais da língua portuguesa na área de ciências sociais. Em conversa com a Caros Amigos, o português falou sobre a crise do capitalismo, o papel da China no novo cenário político-econômico mundial, as propostas de integração da América Latino, e criticou o primeiro ano do governo de Obama: “Agora, o que se vê é que cada presidente dos Estados Unidos tem a sua guerra”.

Diferentemente do que muitos analistas imaginavam, a crise financeira mundial não resultou no colapso do capitalismo. Como o senhor vê a situação daqui para a frente? O que podemos esperar?
Boaventura de Sousa Santos – Essa situação mostra duas coisas: uma, que o pensamento crítico e de esquerda deveria fazer uma moratória de uma ideia que anda sempre presente, que é a crise final do capitalismo. Quantas crises finais já vimos, quantas foram anunciadas? Meus amigos Immanuel Wallerstein e David Harvey já estão falando em crise final. É evidente que haverá um fim, mas é muito difícil imaginá-lo agora. Hoje, o capitalismo não é um modo de produção, e sim um modo de civilização. Temos hábitos que não se imagina que possam existir fora da sociedade capitalista. Portanto, essa é uma luta por uma nova hegemonia, uma nova cultura. São necessárias transformações civilizacionais, e é por meio de uma luta de civilização que o capitalismo vai, eventualmente, cair. Mas não será já. Por exemplo, a crise financeira mostrou exatamente a capacidade de fôlego e de renovação interna que o capitalismo tem. Ele não tem princípios – só tem um, o lucro. Por isso que o capitalismo é, por essência, antidemocrático. Ele tolera a democracia enquanto ela for irrelevante para a proteção dos seus interesses. No momento em que ela ameaçar o desenvolvimento dos seus interesses, o capitalismo pode se transformar em anti-democrático.

Mas o fatos dos bancos terem recorrido ao Estado não muda o cenário do capitalismo mundial?
A partir de uma leitura marxista de Estado não há nenhuma surpresa. O Estado está aí para segurar o capital, e obviamente o Estado americano sustentou o capital financeiro. É aí que podemos discutir em que fase do capitalismo estamos. Nesse ponto eu concordo com os meus colegas. Acho que estamos numa fase particularmente perdedora do capitalismo. E, historicamente, uma certa derrocada do capitalismo acontece fundamentalmente nos momentos em que o capital financeiro começa a dominar o capital produtivo. Foi assim no declínio da Inglaterra, e hoje cremos que pode vir a dar-se a crise desse sistema. A palavra mais demonizada dos últimos tempos foi a “nacionalização”. No entanto, os homens de Wall Street não
hesitaram em aceitar a nacionalização da grande empresa de seguros A&G e de alguns bancos. Foram salvos exatamente pelo Estado. Ou seja, não há princípios, há resultados, há lucros. Essa crise não foi superada, pois, agora, foi aparentemente resolvida pelo capital financeiro. O presidente Obama declara que tem que haver uma regulação do capital financeiro porque a situação não é admissível para os cidadãos. Isso, mesmo numa democracia tão limitada como a norte-americana, em que tantos trilhões de dólares foram injetados no sistema financeiro para obter lucros fabulosos e se distribuir bônus e subsídios aos seus executivos, como faziam antes. Então, nada mudou. Essa é a primeira razão para mostrarmos que temos que ter uma certa prudência quando declararmos as fases finais do capitalismo. Temos que continuar a lutar, mas sabendo que esse é um sistema que tem uma capacidade histórica de se renovar. A segunda razão pela qual nada mudou é que a esquerda nas duas últimas décadas comprou as teses neoliberais. Aquela esquerda que tem a pretensão de chegar ao governo em muitos países – com exceção de alguns países do continente, como Equador, Bolívia ou Venezuela – acabou por aceitar que o mercado é um princípio de eficiência fundamental, que é melhor que o Estado, que a desregulação é importante, que a iniciativa privada é importante. Ou seja, a esquerda ficou desarmada.

Como o senhor vê o papel da China nessa nova conjuntura político-econô mica? Ela tem potencial para redefinir a geopolítica mundial?
Tem, sim, e estamos a falar de mais de um quinto da população mundial, com uma parcela significativa da humanidade. Esse país tem uma grande capacidade de ser uma força internacional. Ao contrário dos países ocidentais, injetou dinheiro na economia produtiva e, portanto, é o primeiro país a sair da crise. Com um crescimento que, calcula-se, será de 9% neste ano. Entre suas limitações está a disjunção entre o sistema político e econômico. É um sistema do lucro, do egoísmo, governado por um partido único autoritário que tem outras lógicas de funcionamento. Por quanto tempo essa disjunção vai existir? A China vai ser uma influência boa e má. Boa no sentido de moderar os instintos imperialistas dos Estados Unidos. Mas isso não é garantia que não possa vir a prejudicar outros interesses da humanidade.

Quando Barack Obama ganhou as eleições presidenciais, o senhor escreveu um artigo falando do valor simbólico da vitória. Passado um ano de governo, recém-completado, qual é o balanço que o senhor faz, tanto da política interna quanto externa?
Nesse artigo eu já mostrava alguma distância em relação ao Obama. É curioso que fui talvez uma das primeiras pessoas a escrever colunas internacionais que não “embandeiraram arco”, como a gente diz em Portugal, com a eleição de Obama. É claro que simbolicamente há um poder enorme, porque, não ele, mas sua mulher, é descendente de escravos, e, assim, entra na Casa Branca uma descendente dos escravos que construíram a mesma Casa Branca. E isso é de um valor simbólico notável, do mesmo modo que é chegar um operário ao governo no Brasil. Mas um ano depois, o que vemos é que, por mais inteligente que seja um homem – e ele é o melhor aluno de Harvard até hoje –, por mais que ele tenha uma capacidade retórica impressionante, quando chega ao poder fica totalmente enredado a esse poder. Ao fim desse primeiro ano de mandato só temos desilusões. De fato, não há nada de positivo. Quando da crise financeira, o Obama ainda era candidato e o vi na televisão rodeado pelos grandes homens do Goldman Sachs [um dos maiores bancos de investimento do mundo], que são hoje seus consultores. Portanto, ainda como candidato ele deu sinais de que não ia mudar a política do país. Mas foi pior do que aquilo que se esperava, na medida em que ele tinha um perfil de luta contra a guerra. Agora, o que se vê é que cada presidente dos Estados Unidos tem a sua guerra. O Obama também tem a sua. E esta, todavia, é quiçá mais perigosa que a guerra do Bush contra o Iraque. Porque é uma guerra no Afeganistão, onde historicamente ninguém ganha. E é uma guerra que se estende a um país que antes era amigo, o Paquistão, que está a ser desagregado devido à influencia dos EUA. Portanto, a desilusão no campo da guerra é total. A segunda desilusão é o comportamento em relação à América Latina. Não é desilusão porque eu não estava iludido, mas é evidente que muita gente ficou, porque Obama veio com um discurso completamente distinto, de estender a mão aos colegas latino-americanos. Mas a verdade é que a Quarta Frota continua e vieram as sete bases militares na Colômbia, que não têm nada a ver com a droga, nem sequer com a guerrilha. Elas estão orientadas basicamente para a biodiversidade desse continente, área estratégica para os Estados Unidos. Portanto, não pode ocorrer nada nesse continente que ponha em risco os seus interesses estratégicos ou o seu acesso aos recursos naturais.

Tatiana Merlino é jornalista

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