terça-feira, 15 de junho de 2010

Pelo combate ao extermínio da juventude

Pelo combate ao extermínio da Juventude Brasileira - Dia D

É perceptível o aumento da violência na sociedade. A segurança pública vem se destacando como uma das principais demandas de reivindicação das populações urbanas. A sensação de insegurança vem sido alimentada pelo sensacionalismo de programas de T.V. e jornais. Jovens são constantemente expostos como autores da violência na mídia, gerando a sensação de que são responsáveis pelo aumento da criminalidade no País.

Em recente estudo encomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a Violência contra Crianças e Adolescentes, o perfil das vítimas da violência vai muito além de faixa etária, ela tem “cor, raça e território”. O Brasil aponta como o 3º do ranking de países com maiores índices de homicídios de adolescentes e jovens. Os jovens estão entre as maiores vítimas da violência, especialmente, homicídios provocados por arma de fogo. A manchete é a seguinte: 33 mil jovens deverão ser assassinados no Brasil entre 2006 e 2012, diz UNICEF. Muitas outras estatísticas comprovam de modo assustador estes dados, indicando que 70% dos jovens assassinados no Brasil são negros. Segundo o relatório:

“Em cada grupo de dez jovens de 15 a 18 anos assassinados no Brasil, sete são negros. A raça também representa 70% na estimativa de 800 mil crianças brasileiras sem registro civil”.

Dentro desta estatística, mesmo que sem ser divulgados os dados, parte significativa das mortes de adolescentes e jovens é cometidas pelas forças policiais, principalmente do Rio de Janeiro e São Paulo.

É preciso construir um novo paradigma na área da segurança pública. O caminho adotado por governos, com foco no combate a criminalidade por meio da intensificação do uso da repressão por parte das forças policiais, construção de presídios e ausência de investimentos em políticas sociais é equivocado.

Este ano se realizou a primeira Conferência Nacional de Segurança Pública que aprovou propostas que sinalizou a necessidade de políticas públicas educacionais, preventivas e com o respeito aos direitos humanos, diferente do foco na punição e aumento da repressão.

O problema da violência e da segurança pública deve ser enfrentado de forma articulada com investimentos em cultura, saúde, educação e desenvolvimento social e se associa principalmente à desigualdade social e ineficiência do Estado.

É importante salientar avanços na atenuação da desigualdade social brasileira. Mas é preciso reconhecer que diante de um país de economia crescente e pujante, ainda permanecem índices astronômicos de pobreza, analfabetismo e ausência do Estado.

Em muitos casos, a única presença percebida por jovens é à força da polícia, principalmente sentida por adolescente de bairros pobres das cidades, abordados constantemente de forma violenta nas ruas da cidade. A abordagem policial focado na violenta repressão a adolescentes só promove mais violência e revolta.

A juventude representa hoje 26 % da população brasileira, são mais de 50 milhões de jovens. Entretanto, esse boom populacional precisa ser traduzido em direitos, rompendo com as concepções clássicas que trataram os jovens, hora como problema social, hora como período transitório da vida.

A juventude brasileira precisa de investimentos do estado hoje para que possa participar ativamente da construção de um novo projeto de país, mais justo, soberano e democrático.


Gabriel Medina
Conselheiro Nacional de Juventude

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