segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dilma foca juventude de olho em um terço do eleitorado

A pedido de petista, núcleo de campanha busca políticas para faixa etária até 30 anos

Para o PT, eleitor jovem é refratário à estratégia de comparação dos projetos petista e tucano por não ter lembranças da gestão FHC

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

De olho no voto de um terço do eleitorado brasileiro, o programa de governo de Dilma Rousseff, que deve ser aclamada candidata petista no final de semana, terá como um dos eixos centrais a juventude.
Por insistência da ministra da Casa Civil, o núcleo de campanha trabalha na elaboração de um conjunto de políticas específicas para o público jovem de até 30 anos. As ações serão nas áreas social, econômica, educação e tecnológica.
As estimativas são de que o número de pessoas entre 15 e 29 anos no país chegue a 52 milhões neste ano -mais de um quarto da população. Ao mesmo tempo, a avaliação do governo é que essa fatia dos brasileiros foi menos beneficiada pelas políticas de combate a pobreza e redução de desigualdade social -que, segundo a última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), tiveram maior impacto entre idosos e primeira infância.
"Nós estamos convencidos que uma política estruturada para a juventude é um dos grandes desafios do próximo governo", diz o ministro petista Alexandre Padilha (Relações Institucionais) . "Será uma das questões centrais", diz.
Nos últimos meses, Dilma tem insistido no tema, recorrente em seus discursos e agenda. Participou do encontro da Juventude do PT, em Brasília, e, em São Paulo, visitou a Campus Party, evento de tecnologia voltado para o público jovem.
Ela também passou a discursar sobre temas caros a essa faixa, como educação, tecnologia e, em especial, a universalizaçã o da banda larga, e se diz "empolgada" com a internet.
"Não é apenas um capítulo sobre a juventude. A questão tem que ser tratada de forma transversal, com emprego, segurança, moradia, inclusão social [para os jovens]", afirma o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Há um ingrediente eleitoral importante na estratégia de propor mais políticas para a juventude. Para o PT, o eleitor jovem é refratário à estratégia eleitoral de comparação dos projetos petista e tucano. Aqueles que estão votando pela primeira vez, que tinham entre oito e nove anos quando Lula assumiu a Presidência, não lembram do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 23,5 milhões de eleitores (18% do total) têm até 24 anos, isto é, não eram obrigados a votar em 2002 e têm dificuldade de comparar os oito anos de Lula com o período anterior, legado que o PT quer colar no pré-candidato tucano, o governador de São Paulo, José Serra.
Dentro do PT, um dos entusiastas do tema é o ex-presidente do partido e ex-deputado federal José Dirceu. No encontro do campo majoritário do partido, em janeiro, Dirceu defendeu que o programa de governo do PT priorizasse políticas para os jovens. Em seu blog, afirmou que ""investir na nossa juventude -um contingente que chega a 50 milhões de pessoas- é fundamental para o desenvolvimento do nosso país".
Outras lideranças do partido acham que a juventude traz emoção para a campanha, uma militância ativa que ajudará na mobilização em favor da candidata. "Focar na juventude não é uma estratégia vista só de forma utilitária. É a militância, mas também é [um grupo] estratégico para o futuro do país", defende Dutra.

Projetos
Entre as propostas estudadas pelo núcleo que discute o plano de campanha de Dilma estão políticas para estimular a criação de empregos para a faixa etária até 30 anos, linhas de crédito específicas -como as do programa Minha Casa, Minha Vida-, de inclusão digital e na área educacional.
Outro plano é criar formas de estimular núcleos familiares jovens que hoje recebem o Bolsa Família a não precisar mais do benefício.
Segundo Padilha, as prioridades do governo Lula foram manter crescimento, geração de emprego, combate à inflação e redução da desigualdade social. A proposta de um "governo de continuidade e avanço", como o PT tenta vender a era Dilma, precisa focar na população que irá sustentar o mercado de trabalho e o crescimento na próxima década.
A ministra, que acompanha na Casa Civil o desenvolvimento do Plano Nacional de Banda Larga, afirma a assessores que que espera que ele se torne um novo Luz para Todos (programa de eletrificação do interior do país), ampliando a oferta de internet. "Para nós, a questão da internet é estratégica. Tem a ver com inclusão e com democracia", disse Dilma em janeiro.
A ministra também tem enfatizado a importância de ampliar a oferta educacional no país. "A mais cara a mim é a questão da educação", disse ao ser entrevistada pela apresentadora Luciana Gimenez, há três semanas.

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